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			Bruna Patrizia Maria Teresa Romilda Lombardi. Ao ser lembrada do nome na certidão de nascimento, em meio às muitas entrevistas que tem concedido, é possível que Bruna volte a responder, entre séria e divertida: “É que eu sou muitas”. E ela não falta com a verdade. Atriz, poeta, apresentadora, roteirista, produtora de cinema e ativista de causas diversas, a carioca criada em São Paulo mantém, aos 65 anos, afiada disposição para incursionar por segmentos ainda não explorados. É assim que, experimentando certo ineditismo, ela voltou à televisão no início deste mês como protagonista de <em>A vida secreta dos casais</em>, produção da HBO. Esse é o primeiro roteiro que ela escreve para uma série de TV. E o faz ao lado do filho Kim – que também assina a direção, em parceria com o pai, Carlos Alberto Riccelli. <br />
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			Nos dois últimos meses, entretanto, o que tem lhe demandado especial atenção são os lançamentos de Poesia reunida (Sextante), que traz, na íntegra, seus três primeiros livros de poesia (<em>No ritmo dessa festa</em>, <em>Gaia</em> e <em>O perigo do dragão</em>) e <em>Clímax</em>, publicação com poemas inéditos. Paralelamente às tardes e noites de autógrafos país afora, Bruna dá continuidade a ações relacionadas ao portal Rede Felicidade, lançado oficialmente em agosto passado com a proposta de “compartilhar conteúdos que contribuam para melhorar a vida das pessoas”, como ela mesma reforça. “Venho fazendo um trabalho muito expressivo e bem-sucedido na internet. As pessoas estão presentes todos os dias, interagem, comentam. A gente tem tido um engajamento extraordinário”, entusiasma-se. <br />
			<br />E, ao perceber que havia uma demanda por atividades que extrapolassem o meio virtual, Bruna resolveu criar, simultaneamente ao site, as <em>Jornadas de conhecimento</em>. A ideia tem sido promover debates sobre temas relevantes e com convidados das mais variadas áreas de produção e pensamento. “A gente tem lotado teatros e tem sido maravilhoso”, comemora. “Tenho visto pelos comentários de posts, no meu próprio Facebook, que esses têm sido, para muitas pessoas, momentos verdadeiramente transformadores, o que confirma para mim que todos nós podemos ser agentes de transformação.”<br />
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			Nesse ínterim, o portal ganha novas seções. Em uma delas, há a reunião das entrevistas que Bruna realizou para o programa <em>Gente de expressão</em>, que foi ao ar na década de 1990, primeiro na extinta Rede Manchete e, posteriormente, na Bandeirantes. Pelo teor algo profético, uma das que têm sido mais compartilhadas na internet é a que ela fez, em 1992, com um certo magnata galanteador de nome Donald John Trump. Na ocasião, o norte-americano, então com 46 anos, respondia à entrevistadora não se sentir atraído pela ideia de um dia tornar-se presidente dos Estados Unidos. Sobre essa passagem da entrevista, a atriz e escritora conta que o amigo Prem Baba chegou a dizer que ela teria vislumbrado em Trump a ambição desmedida por poder que, muitos anos depois, o mundo inteiro também viria a conhecer.<br />
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<strong>TRABALHO EM FAMÍLIA </strong><br />De sua estreia em telenovelas, em 1977, passando pela década de 1990, quando foi para Los Angeles estudar roteiro, até chegar aos dias de hoje, um aspecto que não passou despercebido é que Bruna sempre logrou manter sua vida privada longe dos holofotes. Parte do êxito nesse esforço de autopreservação ela atribui ao fato de realizar tantos projetos em família. “Isso contribui bastante”, ressalta. Escrever roteiros a quatro mãos com o filho Kim, aliás, foi um processo que começou a se desenhar no primeiro filme feito em família, <em>S.O.S. – Stress, Orgasms and Salvation</em>, rodado em Los Angeles. Como o filho estava morando mais lá do que aqui e já era fluente em inglês, ele fazia os reparos necessários no texto. Daí a adicionar as próprias ideias aos roteiros foi um pulo. “A gente notou que funcionava e então o processo acabou se repetindo com cada vez mais envolvimento a cada projeto”, ele conta. Bruna arremata: “Acho que, embora esteja tudo muito relacionado, o que a gente tem de exibir mesmo e divulgar é o nosso trabalho, não a nossa vida. O que a gente tem de tornar público é aquilo que realmente possa influenciar, inspirar ou ajudar as pessoas a viver melhor”.<br />
			<br />Graças a essa postura, não são raros os depoimentos corroborando quão positiva é a experiência de dividir um trabalho com o trio Bruna, Kim e Carlos Alberto Riccelli. Tanto pelos aspectos técnicos e artísticos envolvidos no processo quanto pelo fato de que os valores que eles pregam e vivenciam em família também não se furtam em estender aos sets de filmagem. A atriz Miá Mello, que já contracenou com Bruna e foi dirigida pelos Riccelli no longa-metragem <em>Amor em sampa</em> – e que repete a experiência, agora, em <em>A vida secreta dos casais</em> –, reforça essa impressão: “Eles são uma família com uma sinergia muito especial. Falam baixo, falam pouco, olhando nos olhos. E falam coisas certeiras. Acho que eles fazem um trabalho de grupo muito potente”. Letícia Colin, que também integra o elenco da série e já havia dividido o set com os três, concorda. “Um ambiente seguro e acolhedor é muito bom para a gente criar e se desafiar. E eles são parceiros e artistas e entendem muito todos os pontos de vista, de ator e de diretor. E isso potencializa a criação. Eu sou muito fã dessa família.”<br />
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Sobre televisão, Bruna é toda elogios à nova safra de séries e autores. E voltar a fazer novelas, assegura, não é uma possibilidade definitivamente descartada. Longe disso. “Eu me dou muito bem com a televisão. Em todos os sentidos. As novelas têm ótimos autores e também há ótimas séries sendo produzidas. Acho que estamos com uma excelente dramaturgia. E fico muito feliz por ter tido o privilégio de fazer papéis tão marcantes; agradeço pela carreira que tenho conseguido construir. Ela é feita de escolhas, vamos dizer assim, um pouco diferentes. Escolhi sempre personagens complexas, e isso acaba criando uma diversidade de tipos no meu trabalho que é muito legal.”<br />
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<strong>SEXO, MISTÉRIO E POLÍTICA </strong><br />Em <em>A vida secreta dos casais</em>, série concebida em estrutura coral, com acontecimentos múltiplos se entrelaçando, Bruna interpreta a sexóloga Sofia, sócia em um instituto que desenvolve terapias holísticas voltadas a casais, e, logo no início da trama, se vê envolvida em um crime. As investigações não tardam a resvalar em grandes corporações. “Esse mercado, obviamente, está ligado aos políticos, à corrupção e a uma série de situações que refletem muito o Brasil atual”, antecipa. Perguntada se ela e Kim teriam se inspirado na Operação Lava-Jato ao conceber a série, ela frisa que o desafio proposto pelo produtor Roberto Rios antecedeu o início das investigações. E, embora evite ao máximo falar de política em público, ela não se abstém de comentar que tem acompanhado com indignação os últimos escândalos. “É tão alarmante, tão absurdo, são situações fora de qualquer propósito. A gente fica indignada. Acho que a população inteira está indignada. Porque, enquanto o cara enche a casa dele de dinheiro ou a mala dele de dinheiro, ele está roubando dos hospitais, das escolas, dos serviços públicos. Ele está roubando do povo. Tem de acabar com a impunidade. A Justiça no Brasil tem de ser igual para todos.” </div>
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