Expressionismo alemão traz cinco longas daquele movimento ocorrido na segunda década do século 20, logo após o fim da Primeira Guerra Mundial, quando a derrotada Alemanha buscava recuperar o prestígio artístico. O DVD conta ainda com dois documentários. Um deles, De Caligari a Hitler, é esclarecedor sobre essa fase cinematográfica surgida nas pegadas da literatura e das artes plásticas expressionistas que impactaram a nação germânica.

Tanto o mítico O gabinete do doutor Caligari (1919), de Robert Wiene, como os outros quatro filmes evidenciam alguns elementos em comum no expressionismo. O mais marcante é o rigor artístico, que incluía um visual denso e requintado. Essa estética que possibilitou aquele cinema sombrio e passional influenciou Hollywood e outros cantos do planeta, em especial no gênero noir. Predominava também o apego ao ilusionismo e o foco na manipulação entre seres humanos. A criação de Wiene deixa isso claro com o hipnotizador Caligari.

Além desse carro-chefe do movimento, os outros filmes são notáveis. Menos divulgados, foram feitos por George Wilhelm Pabst, Fritz Lang e F.W. Murnau. Este último, que dá nome ao instituto responsável pela recuperação dos longas com a ajuda de várias cinematecas (inclusive a brasileira), assina O castelo Vogelöd (1921) e Fausto (1926). O primeiro relata uma mirabolante trama com assassinato e punição. O segundo é a quinta das dezenas de adaptações cinematográficas da peça de Goethe. A busca pela eterna juventude, que impulsiona o personagem-título, aparece em uma atmosfera de magia e melancolia. Esse clima também existe em A morte cansada (1921), de Lang. Com uso de efeitos especiais incríveis para a época, o cineasta valorizou o frágil enredo com ágeis cenas de aventura e a ênfase do apego à vida na velhice.

O mais vigoroso dos cinco longas é a Caixa de Pandora (1929), de Pabst, diretor que, durante muitos anos, foi desprezado por seguir dirigindo na alemanha nazista, em vez de imitar Lang, Murnau e outros, que se exilaram do país diante da repressão vigente. agora, é mais reverenciado, principalmente por esta adaptação da peça Lulu, de Frank Wedekind. Enfoca uma jovem de intensa volúpia que oscila entre o amor e a libertinagem. Erotismo e violência eclodem nessa obra-prima, que conta com a sedução de Louise Brooks. a presença da antológica atriz é um dos esteios desse oportuno resgate de uma das fases mais brilhantes do cinema.